O aluno Israel foi quem inspirou o professsor Franknaldo a desenvolver o projeto.

Por Francisco Donato

E foi com o desafio de ensinar a disciplina para um aluno surdo que um professor do Instituto Federal do Tocantins (IFTO) de Gurupi desenvolveu uma forma diferente de ensinar química. Tanto alunos surdos, quanto ouvintes podem ser beneficiados com o trabalho.

A metodologia usada em sala de aula sai do convencional e os estudantes aprendem tabela periódica por meio de jogos, e ainda têm mais um desafio, além dos elementos químicos, foi usada a Língua Brasileira de Sinais (Libras).

O projeto Librasquimic utiliza ferramentas simples que prendem a atenção dos alunos e proporcionam uma maior interação e interesse em sala de aula, a ideia de unir uma disciplina que não agrada muitos estudantes (química) com a Libras despertou o interesse dos jovens que convivem com alunos  surdos na Instituição.

Para o estudante Ítalo Lustosa, de 16 anos, a experiência de aprender de uma forma didática é gratificante. “O trabalho é muito bom não só pra nós ouvintes, mas para os alunos surdos que interagem conosco, além de que aprender jogando é bem mais fácil”.

Já Juliana Resende, 17 anos, acredita que práticas pedagógicas de inclusão são necessárias e fazem toda a diferença em um ambiente educacional. “Isso faz toda diferença, no nosso caso o Israel que é um colega surdo, nos ajudou a aprender os sinais para interagirmos nos jogos, apesar dele não estudar no mesmo curso que o nosso fez toda diferença e isso nos ajudou muito como ouvintes, a ver a realidade das outras pessoas”.

E o Israel Lopes tem 20 anos, é estudante de Engenharia Civil e foi um dos alunos que inspirou todo este processo, ele conta que tinha dificuldades em sala para aprender química, pois as aulas eram em português e como ele é surdo faltava algo pra que o ensino e a interação entre os outros jovens fosse mais fácil, apesar de Israel ter interprete em sala ele sente a necessidade que mais pessoas aprendam o básico da língua da sinais.

“É preciso ter empatia e que a língua de sinais seja clara, pois me ajuda na comunicação com outras pessoas, para que elas possam aprender os sinais, neste projeto foi ensinado o alfabeto, os sinais da tabela, e eu pude ajudar ensinando e aprendendo com os outros alunos. E com o passar do tempo nós fomos interagindo e nos tornamos amigos, aprendendo química e libras ao mesmo tempo”, contou o jovem.

O projeto Librasquimic é uma inciativa do professor de química Frankinaldo Pereira Lima, com a colaboração da Coordenadora de Apoio ao ensino e aprendizagem do Campus, Milene Lopes. O professor explica que o uso das ferramentas pedagógicas em sala traz um universo lúdico e interativo ao mesmo tempo.

“Os alunos aprendem os conhecimentos necessários do conteúdo de química de uma forma mais prazerosa, temos diversos jogos como geometria molecular, balanceamento químico, baralho interativo e de ligações químicas, jogos com a tabela periódica e tudo isso utilizando a Libras para a comunicação, o que faz toda a diferença no processo de ensino”.

A Estudante Joyce Moreira de Sousa, 15 anos, conta que já passou por outras escolas que tem alunos surdos e não tinha esta adaptação pra sala de aula. “Estamos em um ambiente que tem muitas pessoas e com isso aprendemos cada vez mais interagindo com as diferenças e com as aulas mais dinâmicas e criativas e com este projeto percebi a importância da comunicação com os surdos” , expressou.

Destaque

O projeto Librasquimic conquistou vários prêmios e foi destaquem rede nacional no programa Como Será, que foi ao ar no último dia 23. Ao todo, segundo o professor Franknaldo foram desenvolvidos seis materiais didáticos, que une Libras e química. O trabalho deve ganhar novos adeptos, o mesmo passou a fazer parte de uma incubadora de empresas da cidade que deve reproduzir os jogos em grande escala e poderão ser utilizados na rede municipal e estadual de ensino em breve.

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